Dentes fraturados apresentam a polpa, parte interna do dente, exposta. O tecido pulpar consiste em um tecido conjuntivo frouxo, por onde permeiam vasos sangüíneos e linfáticos, células do sistema imune, e odontoblastos, esses situados junto à parede dentinária, uma vez que são os responsáveis pela deposição contínua de dentina durante toda a vida do animal.
Um dente fraturado permitirá que bactérias penetrem pelo canal pulpar ou pelos túbulos dentinários e causem pulpite, altamente dolorosa pela impossibilidade de expansão decorrente do edema. Em geral, a pulpite progride para necrose da polpa, e as bactérias atingem o ápice e deste proliferam-se no osso peri-apical, causando uma osteomielite de origem dental.
Coleções purulentas podem fistular para a região infra-orbitária, caso o dente acometido do traumatismo seja o quarto pré-molar superior. Somente 15% dos abscessos peri-apicais chegam a fistular.
O tratamento consiste na eliminação da fonte de infecção, isto é, do orifício da fratura dental. Isso se consegue extraindo o dente, ou se obliterando o orifício de fratura, desde que se remova o foco infeccioso também de dentro do canal radicular. Uma vez “limpo”, o canal é obturado, isto é, não se deixa o conduto vazio, para evitar que as bactérias do osso peri-apical reproliferem-se no canal. O orifício da fratura, acima da gengiva, é fechado, por meio da restauração, bem como o dente pode ser reconstruído com próteses metálicas, metálo-plásticas ou metálo-cerâmicas.
Um dente não pode permanecer fraturado na boca do animal, pois assim permitiria uma constante fonte de infecção pelo canal, ao osso peri-apical e daí para a corrente circulatória, pela bacteremia. Os antibióticos não conseguem, “per si”, debelar a proliferação bacteriana óssea, pois a cada carga antigênica destruída, nova quantidade de bactérias adentra pelo orifício de fratura, o que acarreta em nova sintomatologia em semanas ou meses, tempo favorável à bacteremia e lesão em outros órgãos.